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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Gallows




Todo mundo tem uma noção do que seja algo "punk": roupas rasgadas, cabelo moicano, piercings, tatuagens e um som cru característico em que músicas de 3 acordes são executadas rapidamente, com muito barulho de bateria. Pelo menos era assim.

O punk teve uma de suas cenas mais importantes na Inglaterra da década de 1970, mas ao chegar nós EUA na década de 80 passou a ser mais rápido e agressivo, passando a ser denominado hardcore, um som característico um tanto mais percursivo e complexo. Bandas de hardcore como, por exemplo, Living Sacrifice tem muito a ver até com a cena metal. Então surge algo chamado crossover: uma fusão entre o heavy metal e o hardcore.
 
O nome "punk" não poderia ser mais apropriado, geralmente apresentando uma proposta social anarquista (mal interpretada, diga-se de passagem. Quem quiser saber o que realmente é anarquista tem que ler Errico Malatesta), a palavra "punk" significa "encrenqueiro". E os "encrenqueiros" do Gallows não poderiam ter surgido de um país mais apropriado: trata-se de uma banda britânica, assim como os pioneiros do punk: Sex Pistols, apesar que o Pistols tinha um caráter mais bem humorado nas letras.

Nas idas de 2000 o hardcore e o punk se tornaram um tanto manjados, algo comercial até, por meio de bandas internacionais como Blink 182, Green Day e nacionais como CPM 22, Detonautas e outros. Acho que foi por isso que tive uma surpresa extrema ao descobrir Gallows!

O som tem uma alma punk característica no vocal rasgado e gritado de Frank Carter, como num protesto de rua, mas com muita influência de metal sendo praticamente uma versão alternativa ou simplificada do heavy metal sem perder o cuidado com a atmosfera do som nem com os solos de guitarra. As mudanças de tempo nas canções, o cuidado com a distorção mostram que a proposta da banda é totalmente nova: soa mais limpo do que o hardcore comum e que o crossover, mas sem perder nada em peso, o que por si torna o estilo de Gallows algo como um new punk com super força e laser saindo dos olhos!

Só tem um pequeno probleminha: quem entende um pouquinho de inglês vai ter a impressão que Frank Carter tem "síndrome de tourete" já que a palavra "fuck" e derivados costuma aparecer MUITO e até fora de contexto nas letras (excetuando, obviamente, a história de John Casanova, cantada em "Orchestra Of Wolves", por razões óbvias pra quem conhece a história desse sujeito). Enfim, ossos do ofício no punk talvez... O triste é que, apesar do som ser vibrante, as letras quase sempre falam dos horrores da guerra, pobreza, sofrimento e descaso com o humano. Mesmo sendo uma banda punk, as canções destoam das letras. O som do Gallows é o tipo de coisa que você ouve num dia feliz ou pra recuperar o ânimo, os temas geralmente não batem com a melodia, como se um dissesse o oposto do outro, exceto talvez em "Staring At The Rude Bois", um cover do The Rutz' que o Gallows interpreta com participação especial do rapper Lethal Bizzle.

A discografia essencial da banda é pequena, já que entraram em atividade no ano de 2005 ainda tendo rendido 3 álbuns e 2 EPs, com direito a alguns singles onde consta até um cover do Ironmaiden que saiu melhor que a encomenda e que, particulamente, gosto mais que o original: Wrathchild. Desses, o último álbum e o último EP já não contavam com Frank Carter nos vocais, que saiu da banda por diferenças de opinião sobre qual direção o som deveria trilhar.

E por falar em som, quando comparamos, por exemplo, o primeiro álbum, "Orchestra Of Wolves", de 2006, com o segundo "Grey Britain" de 2009, a direção do som do Gallows muda ao passar a incorporar elementos eruditos (WTF?!) no som com muita prudência. De fato, mesmo no "Orchestra Of Wolves" já havia uma música punk com piano e vocais limpos ao fim: "Rolling with the Punches", dando a direção para o próximo trabalho da banda. Grey Britain uniu punk e erudito numa harmonia perfeita, apesar do antagonismo, tornando Gallows algo totalmente novo uma segunda vez. Destaques para "Queensberry Rules", "Crucifucks", "The Vulture (Acts I & II)" e "Misery". 

Gosto bastante da interpretação intensa de Frank Carter e preferia que tivesse permanecido na banda. Não me senti à vontade para acompanhar a banda desde então. Mas pra quem tiver curioso, fica a dica.


Discografia (com Frank Carter):

Álbuns de Estúdio:
2006 - Orchestra Of Wolves
2009 - Grey Britain

EPs:
2007 - November Coming Fire

Fonte: Wikipédia


Just keep rocking \m/

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