Todo mundo tem
uma noção do que seja algo "punk": roupas rasgadas, cabelo moicano,
piercings, tatuagens e um som cru característico em que músicas de 3 acordes
são executadas rapidamente, com muito barulho de bateria. Pelo menos era assim.
O punk teve uma
de suas cenas mais importantes na Inglaterra da década de 1970, mas ao chegar
nós EUA na década de 80 passou a ser mais rápido e agressivo, passando a ser
denominado hardcore, um som característico um tanto mais percursivo e complexo.
Bandas de hardcore como, por exemplo, Living Sacrifice tem muito a ver até com
a cena metal. Então surge algo chamado crossover: uma fusão entre o heavy metal
e o hardcore.
O nome
"punk" não poderia ser mais apropriado, geralmente apresentando uma
proposta social anarquista (mal interpretada, diga-se de passagem. Quem quiser
saber o que realmente é anarquista tem que ler Errico Malatesta), a palavra
"punk" significa "encrenqueiro". E os
"encrenqueiros" do Gallows não poderiam ter surgido de um país mais
apropriado: trata-se de uma banda britânica, assim como os pioneiros do punk:
Sex Pistols, apesar que o Pistols tinha um caráter mais bem humorado nas
letras.
Nas idas de 2000
o hardcore e o punk se tornaram um tanto manjados, algo comercial até, por meio
de bandas internacionais como Blink 182, Green Day e nacionais como CPM 22,
Detonautas e outros. Acho que foi por isso que tive uma surpresa extrema ao
descobrir Gallows!
O som tem uma
alma punk característica no vocal rasgado e gritado de Frank Carter, como num
protesto de rua, mas com muita influência de metal sendo praticamente uma
versão alternativa ou simplificada do heavy metal sem perder o cuidado com a
atmosfera do som nem com os solos de guitarra. As mudanças de tempo nas
canções, o cuidado com a distorção mostram que a proposta da banda é totalmente
nova: soa mais limpo do que o hardcore comum e que o crossover, mas sem perder
nada em peso, o que por si torna o estilo de Gallows algo como um new punk com
super força e laser saindo dos olhos!
Só tem um pequeno
probleminha: quem entende um pouquinho de inglês vai ter a impressão que Frank
Carter tem "síndrome de tourete" já que a palavra "fuck" e
derivados costuma aparecer MUITO e até fora de contexto nas letras (excetuando,
obviamente, a história de John Casanova, cantada em "Orchestra Of
Wolves", por razões óbvias pra quem conhece a história desse sujeito).
Enfim, ossos do ofício no punk talvez... O triste é que, apesar do som ser
vibrante, as letras quase sempre falam dos horrores da guerra, pobreza,
sofrimento e descaso com o humano. Mesmo sendo uma banda punk, as canções
destoam das letras. O som do Gallows é o tipo de coisa que você ouve num dia
feliz ou pra recuperar o ânimo, os temas geralmente não batem com a melodia,
como se um dissesse o oposto do outro, exceto talvez em "Staring At The
Rude Bois", um cover do The Rutz' que o Gallows interpreta com
participação especial do rapper Lethal Bizzle.
A discografia
essencial da banda é pequena, já que entraram em atividade no ano de 2005 ainda
tendo rendido 3 álbuns e 2 EPs, com direito a alguns singles onde consta até um
cover do Ironmaiden que saiu melhor que a encomenda e que, particulamente,
gosto mais que o original: Wrathchild. Desses, o último álbum e o último EP já
não contavam com Frank Carter nos vocais, que saiu da banda por diferenças de
opinião sobre qual direção o som deveria trilhar.
E por falar em
som, quando comparamos, por exemplo, o primeiro álbum, "Orchestra Of
Wolves", de 2006, com o segundo "Grey Britain" de 2009, a direção
do som do Gallows muda ao passar a incorporar elementos eruditos (WTF?!) no som
com muita prudência. De fato, mesmo no "Orchestra Of Wolves" já havia
uma música punk com piano e vocais limpos ao fim: "Rolling with the
Punches", dando a direção para o próximo trabalho da banda. Grey Britain
uniu punk e erudito numa harmonia perfeita, apesar do antagonismo, tornando
Gallows algo totalmente novo uma segunda vez. Destaques para "Queensberry
Rules", "Crucifucks", "The Vulture (Acts I & II)"
e "Misery".
Discografia (com Frank Carter):
Álbuns de
Estúdio:
2006 - Orchestra Of Wolves
2009 - Grey Britain
EPs:
2007 - November Coming Fire
Fonte: Wikipédia
Just keep rocking \m/